terça-feira, 3 de julho de 2012

Carta de despedida de Ramom Muntxaraz




Castelhano de origem e psiquiatra de profissom, Ramom Muntxaraz chegou à Galiza em 1980 para trabalhar no hospital de Conjo. Ali afiliou-se à ING, começando umha militância no marxismo independentista que o levaria polo vieiro UPG-PCLN-FPG-APU-JUGA para rematar em Causa Galiza. Morreu em 2008, deixando esta fermosa carta de despedida.

[Intro de GalizaLivre]: Hoje cumprem-se quatro anos da morte de Ramom Muntxaraz, o histórico militante independentista chegado de terras espanholas que se tornou galego de naçom e de coraçom. Muntxa, médico psiquiatra comprometido e coerente, ativista incansável na luita política e sindical, solidário incansável com os combatentes presos de todas as épocas, deixou-nos há quatro anos depois de brigar com umha doença fatal. Tempo depois do seu enterro foi encontrada entre os seus papéis esta carta, endereçada ao povo galego, em que se despide da sua Terra e a sua gente, e que foi transmitida ao Galizalivre e a outros meios de comunicaçom populares. Aproveitamos a data do seu aniversário para rendir-lhe esta homenagem e para contribuirmos à difusom da mensagem com que o Muntxaraz nos quijo deixar.

O dia da minha morte quero que estas verbas cheguem aos vossos coraçons. Levo conmigo infinitamente muitas mais cousas vossas das que vos deixo. Vou-me desta vida com mágoa de nom poder sentir nunca a Saudade da Terra. Vou-me da Terra na que nom nascim pêro na que decidim morrer. Porque a Pátria nom é lugar no que nascemos senom a que eleximos para dar o melhor de nós mesmos até a morte. E eu elegim Galiza. Nom pola incomparável beleza da sua paisagem, nem por nengumha cousa material. Fiquei na Galiza e tomei à Galiza como a minha Pátria polas suas gentes, polo Povo. Polo que agora é também já de forma definitiva “o meu Povo !!. Voume de entre vós com a mágoa de nom vêr à Galiza como um Povo Independente. Pêro, vou-me desta vida esperançado porque estou convencido de que essa Utopia de Liberdade há de chegar e que esse dia todas as nossas luitas, e inclusso as nossas contradicçons, acumuladas durante séculos de geraçons, recuperaram o seu auténtico sentido histórico.

Como bem sabedes, adiquei grande parte da minha vida a tratar de compreender a loucura dos loucos. Pêro poucos sabem que o que sempre foi para mim mais difícil de entender é a cordura dos cordos. A cordura da obediência, da disciplina, da ordem, da auto-opressom, da assimilaçom à civilizaçom colonizadora e alienante.Esse é o problema que levo à sepultura sem resolver, pero que vos animo a continuar estudando. Quando saibamos porquê obedecemos e tememos à autoridade que nos oprime e porquê despreçamos aos irmaos que nos falam de liberdades; quando saibamos porquê os oprimidos odiamo-nos entre nós; quando saibamos porquê renegamos da nossa identidade como Povo e porquê nos alienamos na falsa identidade dos impérios que nos oprimem. Quando saibamos alomenos isto ninguém poderá já nunca jamais oprimirnos, explorar-nos nem colonizar-nos.

Pilara e Maruxa: fuchedes a minha Familia Galega. E formasteis a parte mais íntima e entranável da minha Grande Familia Irmandinha Galega. Vós sodes o melhor que tivem na minha vida íntima. Tí Pilara e tí Maruxa fuchedes as musas galegas da minha vida, que alentarom-me a seguir adiante com os meus Ideais Revolucionários. Lograsteis que eu me sentira como um Galego Comunista e Revolucionário e nom como um colonialista espanhol arrepentido no que tantas vezes temí converter-me. A tí Pilara nunca poderei agradecer-che o que me atura-ches, as esperas desesperadas, a paciência com as minhas elucubraçons e pedanterias. Quero que saibas que os teus longos silêncios forom para mim umha contínua referência do impresoante berro de insubmisso da Ialma Galega. E tí, Maruxinha, a minha Maruxinha, sempre fuches e serás para mim a esperança das novas Geraçons de Homens e Mulheres Galegos e Galegas, que algum dia erguerám a Bandeira da Liberdade do nosso Povo, no trunfo final de todos os Povos Oprimidos do Planeta.  
 
Quero que o dia da minha morte nom seja um dia de mágoa nem de luto para ninguém. Pêro nom quero que seja este um dia como outro qualquera, e que no meu sepélio nom haja máis símbolos que os que representem à nossa Pátria Galega e os da Unidade na Luita da Classe Trabalhadora Galega e do Mundo. Quero que os meus restos mortais fiquem na Terra ou nos Mares da Galiza, por ser esta a única Terra à que amei e na que desejo estar para Sempre com todos Vós, com o Povo Galego.
Deixo-vos a todos e todas quanto tenho: os meus mais profundos sentementos e utopias, a minha solidariedade e internacionalismo comunista, a minha esperança de liberdade e a convicçom na vitória na Luita Final contra a opressom. Agurinha Povo Galego. Agurinha meus Irmaos Revolucionários Galegos e Galegas. Agurinha à minha Maruxa e à minha Pilara. Recebide Todos/as, a minha mão e infinitas Apertas Irmandinhas e Revolucionárias do vosso Irmao Moncho.

Viva Galiza Ceive e Comunista!
Viva a Luita de Libertaçom Nacional Galega e a de todos os Povos Oprimidos do Planeta !
Viva o Internacionalismo Proletário !
Viva a Unidade da Classe Trabalhadora Galega e de todas as Classes Oprimidas do Mundo.
Pátria e Terra !


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